25 de abr. de 2010 3 comentários

Insônia



E o sol nasce... Mais uma noite em claro.
Nas poucas horas de sono que restam, sonhos bons acabam sendo interrompidos pelo acordar do pesadelo que a vida real.
"Somos todos anjos de uma asa só. Voamos apenas quando abraçamos uns aos outros." E no meio do voo, o pobre arcanjo agora cai em queda livre. Dominado pelos piores sentimentos que existem, pensa apenas na instante em que seu corpo finalmente atingirá o solo, desfalecendo sem vida. E na queda, entre o azul do céu noturno as lembranças dos ultimos oito meses passam em sua mente. Lembranças de momentos que não serão mais revividos, e raiva de si próprio. Por sua fraqueza, lembra-se que afinal de contas está aprisionado na sua humana forma carnal. De que adiantam os acertos, se não tem como consertar os erros que ja foram?
Deseja do fundo de sua alma, despertar seu lado sombrio. Arrancar seu coração, e deixar que a mente domine a matéria. Tornar-se uma máquina.
Como seria tão mais facil se fosse apenas como um desligar de uma tomada?
Alcançou o mais alto dos céus nesse ultimo voo... Sobreviveu aos voos anteriores, mas nenhum te levou tão próximo das estrelas. Nem próximo o suficiente para dançar em solo lunar. Realmente quanto maior o voo, maior a queda...
O tempo, Arcanjo, mais uma vez volta a ser seu inimigo... Torna a queda lenta, e dolorosa.
Cura as feridas? Pode até curar, mas deixará cicatrizes.
Apesar de ansiar pelo impacto, e pelo abraço fatal da mãe terra, uma minúscula faisca de esperança ainda insiste em lutar... usar a unica asa que possui pra planar. Pousar novamente em segurança em chão firme.
E essa fagulha de esperança o traz novamente ao mundo terreno. Abre os olhos novamente e se encontra encolhido com um travesseiro entre os braços. Lágrimas já não lhe escorrem mais os olhos, apesar do imenso aperto no peito, deita-se e tenta mais uma vez dormir.
Amanhã é um novo dia, Arcanjo... Quem sabe nesse novo dia voltará a dormir novamente, e em paz?
 
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