1 de mai. de 2011 5 comentários

Experiências

Eis que depois de uma semana de trabalho extremamente caótica, chegava o feriado prolongado. Depois de algumas horas de estrada, e novamente o jovem Arcanjo se retornava pra sua cidade natal, encontrar com sua família, rever os amigos, e recuperar as energias.

Como de costume, encontrou-se com a Lê e dessa vez sua afilhada Mariana também foi passear com eles. Ao passar em uma farmácia pra comprar uma lata de leite, Lê encontrou um amigo que ao se despedir desejou "felicidades pra vocês!"
"Lembra uma vez que eu te falei Arcanjo, de um amigo que tinha uma bunda gostosa?"
"Foi a primeira coisa que eu percebi... OBRIGADO MARIANA por estragar as minhas chances se passando por minha filha!" respondeu ironicamente o Arcanjo, que arrancou gargalhadas das duas.

Foram os três pra casa de um casal de amigos, pra que eles conhecessem a princesinha da galera. E no dia seguinte marcaram pra comer alguma coisa e beberem na casa de seu compadre.
Num momento mais tranquilo, em que estavam mais a vontade, o Arcanjo contou com todos os detalhes da festa da semana anterior.

"Lê mas eu ainda NÃO CONSEGUI tirar da minha cabeça aquele sorriso capaz de derreter um iceberg... LÊ O QUE É QUE TA ACONTECENDO COMIGO?"
"Olha Arcanjo, acho que você ja tá preparado de novo pra se envolver com alguém."
"Será? Lê, isso nunca me aconteceu antes... nunca fiquei com essa fixação por ninguém antes... nem com a Flora [Flora acabou sendo o 'apelido carinhoso' que os amigos do Arcanjo deram pro seu ex namorado Reinaldo] foi assim..."
"Arcanjo, fica assim não que o que tiver de ser, vai ser... Se encontrar com ele na balada tenta investir... Não custa né?"
"É... você ta certa..."

Curtiu o restante do feriado na companhia de sua família, e ao retornar pra capital, pela primeira vez encarou um engarrafamento.

A semana seguia normal, até que um dia após o expediente uma ligação de um de seus amigos de sua cidade.
"Fala Arcanjo, desculpa ta te ligando a cobrar, mas é que eu preciso muito falar contigo..."
"E ae cara... o que acontece? Alguma coisa grave?"
"Arcanjo, Preciso saber se posso confiar em você..."
"Uai, claro cara... o que acontece?"
"Arcanjo, preciso te contar uma coisa, mas você não pode contar isso pra ninguêm da galera... Nem pra Lê, que eu sei que vocês não tem segredos um com o outro."
"Ta bom eu não conto, mas o que é que eu não posso contar pra ninguém?"
"Quando que você volta?"
"Agora acho que só no final de semana do dia das mãe, mas conta logo o que ta acontecendo que eu já to ficando aflito."
"Olha Arcanjo, bom... (uma pausa) eu to querendo experimentar."
"Experimentar o que criatura?"
"Eu to com vontade de experimentar como é sexo com outro cara... E eu preciso que você me ajude..."
"Como você quer que eu ajude?"
"Olha Arcanjo, preciso desligar mas quando você voltar a gente conversa melhor..."
"Perai..." e sem que pudesse falar mais nada a ligação caiu. E sem respostas o Arcanjo desistiu de tentar ligar novamente para seu amigo, e pensou consigo mesmo:

"Gente, será que ele ta querendo transar comigo... MAS PORQUE LOGO EU?"
17 de abr. de 2011 2 comentários

Lua cheia, Baladas e Flertes

Era um sábado com uma belissima lua cheia. E depois de um tempo reservado longe de baladas e agitação pra poder refletir, o jovem Arcanjo decidiu que nessa noite não iria ficar em casa por nada no mundo.

"Meu... Faz tanto tempo q eu não saio... to precisando mesmo curtir um pouco.... ver gente... Senão eu entro num momento Amy Winehouse e isso não vai prestar..."

Nos dias anteriores estava meio chateado de ter conhecido um rapaz bacana, mas que (novamente) não havia passado do segundo encontro. Jonas não tinha dado nenhum sinal de vida desde que conversaram quando estava na Itália.

"Acho que volto com tempo pro seu aniversário..."disse Jonas pelo chat do Facebook, mas desde entao nenhum sinal de vida.

Comemorou seu aniversário duas vezes... uma num happy hour com seus colegas de trabalho no dia do seu aniversário, e no final de semana seguinte com os amigos de sua cidade, fazendo um lual em uma pedreira... Mas já estava ficando desanimado com o estresse do trabalho, e a ultima tentativa vã de resolver sua vida afetiva decidiu que nessa noite de sabado ia tentar se divertir um pouco.
Arrumou-se e resolveu ver como havia ficado a reforma da Josefine. Chegando lá, as reformas ainda não estavam totalmente concluidas... impressão de que sentia um cheiro de cimento ainda pairava no ambiente, mas a iluminação ficou ótima.

"Isso porque tá funcionando 'em carater experimental'... mas ta ficando bacana."

No entanto naquela noite a boate estava vazia... pouquíssimas pessoas, menos ainda o numero de pessoas interessantes, mas percebeu que uma olhada pra um desses poucos interessantes pareceu ser correspondida.

"Impressão... ele ta acompanhado. Melhor deixar quieto."

Constatou que aquele que acompanhava o rapaz com aproximadamente sua idade, pele clara, cabelo castanho médio, olhos castanhos, um corpo normal, e de camisa xadrez era apenas um amigo. Decidiu que iria investir, mas primeiro foi buscar uma bebida. Curiosamente nessa noite não bebeu nenhuma dose da costumeira tequila. Buscou pra si uma dose de vodka e energético, mas quando voltou não encontrou o rapaz. Foi pro novo fumódromo improvisado (melhor que o antigo "chiqueiro") e lá se encontrava o rapaz... dessa vez realmente acompanhado.
Estava aos beijos com um rapaz com aproximadamente seus 30, 35 anos, claro, cabelos pretos, olhos castanhos, uma barba por fazer ligeiramente maior que o rapaz que estava em seus braços, e ligeiramente mais baixo também.

"É Arcanjo... não deu... paciência..."

E acabou fazendo amizade com uma morena, que havia vindo do Rio de Janeiro. Se jogou na pista com outros rapazes que conheceram por lá e ficaram até o fim da balada, que terminou bem mais cedo por causa do publico reduzidissimo. Pensava em ir pra casa, afinal estava aborrecido com a balada na Josefine, mas Vanessa acabou o convencendo a ir com eles pra um after que iria acontecer ali próximo. "Não tenho nada a perder mesmo... só vou pegar leve com a conta lá... porque aqui gastei bastante." E foram... Alguns minutos em frente a UP, lugar que não conhecia e começaram a entrar pro after. E descobriu também o motivo do publico reduzido: rolava uma outra festa particular. De uma tal Lili. Sem contar que também estava rolando o Axé Brasil. Entraram e no after ja tinha se conformado que acabaria nao ficando com ninguém.

"Vou ficar só um pouco e vou embora...".

Acabou investindo em um rapaz que estava na Mary in Hell, que o Arcanjo apenas conhecia por nome, mas nunca teve curiosidade de conhecer. Vanessa tentou ajudar, mas não rolou nada.

"Pelo menos DESSA VEZ você tentou Arcanjo!"

Mais uma volta e no fumodromo acabou encontrando com o casal formado na festa anterior, o amigo e seu respectivo rolo. E riam de uma bicha bêbada que fazia graça acabou ficando conversando com eles. Mas o curioso é que mesmo acompanhado o rapaz pelo qual o Arcanjo havia se interessado, que acabou descobrindo que se chama Walter, lhe dava constantes sorrisos, alguns movimentos com as sombrancelhas, e algumas piscadelas.

"Nem preciso ser tão bom assim em leitura corporal pra perceber que ele ta te dando mole Arcanjo. Mas provavelmente ele não vai deixar de ficar com o outro cara pra ficar contigo."

E em um momento que iam sair pra buscarem uma bebida, Walter ficou de costas pro Arcanjo, e não pareceu lhe incomodar o contato. Como se tivesse sido intencional... Acabou encontrando com um amigo que fizera, coincidentemente chamava-se Anderson. Já haviam ficado em outra ocasião, mas dessa vez apenas ficaram conversando, e ficaram abraçados enquanto conversavam. Supriu de certa forma uma dose de carinho que lhe fazia falta. Um tenro abraço de amigo. Naquele ponto do after, o fumódromo era o melhor ambiente da festa. Uma troca de olhares com um rapaz descamisado, um corpo malhado, um corte de cabelo arrojado, e uma tatuagem de Nossa Senhora, mas dessa vez o feeling não indicava que haveriam chances.

"Domingo é dia de? LAZANHA" brincava o descamisado com um de seus amigos.

Dessa vez sentindo que seu corpo ja começava a sucumbir ao cansaço, o Arcanjo pagou sua conta, e ao indicar seu destino ao taxista, se deu conta de que era meio dia...

"Caraca! Tô há 12 horas na night!"

Chegou em casa, e Silvio, um dos companheiros da sua casa nova já preparava seu almoço.
"Bom dia Silvio!"
"Cara, você ta chegando AGORA?" perguntou espantado.
"Pois é... a noite teve boa hoje... Fazia tempo que não me divertia tanto!"

Conversaram mais algumas amenidades, sobre baladas, mas nao mencinou seu verdadeiro destino. Tomou um iogurte, em seguida foi tomar um banho, e ao subir pro seu quarto pegou a caixa de fósforos pra substituir seu isqueiro perdido, e ao relatar isso em seu diário ainda se perguntava:

"Eu ainda não to acreditando... Um cara LINDO como o Walter me dando moral? Deve ter alguma coisa errada... Mas se eu o encontrar novamente dessa vez eu ja vou chegar junto."
22 de jan. de 2011 2 comentários

Troféus

Mais um cansativo e estressante dia de trabalho havia se encerrado pro jovem Arcanjo. Havia combinado durante a semana de sair com alguns colegas de trabalho pra conhecerem a nova choperia que havia sido inaugurada para relaxarem, bater um papo, esquecer momentaneamente a constante pressão de resultados, de reclamações de clientes chatos e rirem um bocado.
"Eu acho que vou experimentar esse chopp de menta... será que é bom? vc traz um pra mim por favor?" pediu o Arcanjo. Foi acompanhado do seu supervisor na curiosidade de experimentar essa novidade. Uma porção de fritas, algumas piadas internas, histórias engraçadas e depois de uma conta razoavelmente barata, era hora de cada um ali ir embora pra casa ou algum outro compromisso que já havia sido programado.
Chegando na sua nova casa, não havia ninguém, e resolveu ligar pro John. Mas para sua surpresa e decepção ao realizar a chamada a voz eletronica da gravação informava que aquele numero não existia? "Como assim não existe?!?! Eu falei com ele semana passada!", e tentou outras duas vezes... e a mesma mensagem. Tudo bem que na semana anterior tentou combinar de se encontrarem novamente, mas ficou aguardando em vão que pudesse ter uma resposta.
Irritado, acendeu seu cigarro, e quando a brasa chegou ao final, pegou uma toalha e desceu pra um banho.

Enquanto a água escorria por seus cabelos e pelo seu corpo, fechou os olhos enfurecido diante da possibilidade de mais uma vez a oportunidade de se envolver com um cara realmente interessante escorrer ralo abaixo como a água que escorria.

Em algum lugar dentro das muralhas de seu coração, o Arcanjo agora caminhava em direção a uma imensa galeria. Abriu as portas e dentre a luxuosa decoração daquele salão, caminhava lentamente observando os quadros que ali se encontravam. Criado por seu orgulho, aquele lugar agora era sua sala de troféus... Para cada um daqueles quadros, uma pessoa que de certa forma ao passar pela vida daquele jovem, acabou marcando de alguma forma... e como dizia seu orgulho, uma grande conquista. Um troféu.
Com um rosto sério olhava para cada um daqueles quadros, e a memória trazia novamente as lembranças dos momentos bons pelo qual passara. Algumas breves, outras nem tanto, algumas bastante intensas... Caminhou lentamente com uma nova tela que carregava em seus braços, encontrou um espaço e pendurou o retrato daquele brasileiro com nome estrangeiro. Afastou-se e observou por alguns instantes aquele moreno de estatura mediana, um corpo muito trabalhado, e um rosto lindo que não transparecia a razoavel diferença de idade entre ele e o Arcanjo. Dentre os demais retratos daquela galeria, era o unico com uma diferença de idade relativamente maior que a sua... "Pensei que esses oito anos a mais fossem fazer a diferença com relação ao modo de pensar.... mas pelo que parece eu devo estar enganado. Espero que não."
Virou-se lentamente e por uns instantes encarou na parede principal, o lugar de destaque uma imensa moldura vazia... Moldura essa que fora preenchida por apenas dois daqueles quadros que agora se juntavam aos demais. "Você tinha grandes chances de estar nesse lado da galeria..."

Abriu novamente seus olhos, pegou uma toalha e juntamente com os restos daquela água retirou aqueles pensamentos de sua cabeça... Secou-se, colocou um pijama, e desceu para a cozinha... e daquele momento a unica coisa que ocupava sua mente agora era prestar atenção com sua comida... e pro final de semana? "Já que não me restam muitas alternativas mesmo, o que me resta é terminar de ler aquele livro novo... E falando em livros, não venha com conversinha na segunda feira, Arcanjo... O senhor vai voltar a fazer academia... Hora de cuidar de melhorar a capa. Pois no conteúdo sei que você se garante."
 
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