29 de dez. de 2010 3 comentários

Carta para o ano novo: SEJA BEM VINDO 2011

Olá 2011!

Cara, to apostando bastante fichas em você meu caro... Será que seus irmãos anos pares são sempre assim agitados? Lembrei da carta que escrevi pra seu irmão mais velho, 2007, e será que foi coincidencia que 2006, um ano par tenha sido injusto comigo?

Tá... injusto nem tanto, masseu irmão 2010 foi bem conturbado pra mim... mas não chegou a ser um ano de todo ruim. Tudo bem que ele foi o ano mais "montanha russa" da minha vida, por causa dos diversos altos e baixos, mas apesar de tudo acho que foi um ano de preparação pra quando finalmente nos encontremos. Me perguntei várias vezes se não estava vivendo numa novela ou filme de tanta coisa que me aconteceu.

Ainda no começo da vida do seu irmão 2010 de uma hora pra outra o Reinaldo ficou estranho, e eu não me vi com outra escolha a não ser ter terminado...
Arrependimento? Sim... eu me arrependi e tentei de várias formas fazer com que o Reinaldo pudesse voltar a ser o cara que era quando seu irmão 2009 me apresentou...
Mas seu irmão 2010 me fez ver a verdadeira pessoa por trás da máscara.
Uma pessoa de quem eu agora quero total distância.

Tá... eu admito que errei em ter continuado dividindo teto com uma pessoa que não fazia mais parte da minha vida, mas a punhalada que eu levei do Reinaldo pode até cicatrizar, mas vai ficar uma marca horrenda. Bom... depois disso eu fiquei frio, seco, e até mesmo um pouco egoista... Mas eu tentei ainda assim encontrar uma pessoa bacana, que pudesse deixar meu lado negro adormecido novamente.

Mas não consegui... Parece que agora mais pro final de sua vida, 2010 resolveu me apresentar novas oportunidades... mas ainda assim eu não vou baixar a guarda. Será que você consegue colocar em ordem as coisas na cabeça do Jonas? Ou quem sabe talvez acabe rolando alguma coisa com o John? Andei pensando e acho que ele tem chances de derrubar as muralhas do meu coração...

Mas não só de desgraças vão ficar as lembranças de 2010. Afinal nesse ano acabei conseguindo ter algumas condições de poder ter alguns luxos que nos anos anteriores dificilmente teria... Consegui comprar móveis pra mobiliar um quarto que nunca tive efetivamente, mas serão de grande utilidade no apartamento novo... Também teve as minhas férias que finalmente pude chamar de férias de verdade... pela primeira vez que eu viajo nas minhas férias... e adoreeei São Paulo. (Pena que não deu pra curtir tanto por causa da Mariana)
Falando em Mariana, uma das coisas mais gratificantes que seu irmão 2010 me ofereceu foi a oportunidade de ser padrinho dessa coisinha fofa que é a filhota da Lê...

Sabe 2011, to achando que pra mim você vai ser um ano de inumeras oportunidades. Afinal agradeça a seu irmão 2010 se eu vou ter muitas coisas pendentes pra resolver contigo, mas pelo menos, to com expectativas pois tem muita coisa que tá acontecendo que de certa forma eu to tendo a oportunidade de ter um novo começo...
19 de nov. de 2010 2 comentários

O jardim e os muros






Era uma noite fria e solitária na fortaleza que se tornara o coração do Arcanjo. Há tempos em que sua fortaleza estava abandonada, e o Arcanjo observava da janela do alto de uma das torres. "Acho que consegui realizar um bom trabalho com essas muralhas. Realmente impenetráveis." Mesmo depois da queda livre, ainda dava pra perceber claramente os danos causados por sua queda livre, quando o falso anjo que o levou ao mais alto dos céus e o abandonou numa queda vertiginosa.
"Desde que conheci o Anderson, e que ergui esta fortaleza sequer houveram cercos... Mas sei que essas muralhas encontram-se fortes. Só existe um general neste momento que eu permitiria atravessar os portões dessa fortaleza. Mas é dificil prever seus movimentos. Sei que o Jonas já demonstrou interesse nesse território, mas como prever seus movimentos? Quais suas verdadeiras intenções?"


Vagando pelos aposentos de sua fortaleza emocional, decidiu procurar seu diário. Releu várias páginas, e com isso teve convicção de que suas muralhas estavam mais fortes do que nunca estiveram. "É Arcanjo... Depois de tudo que você passou com o Reinaldo, depois dele te deixar cair em queda livre, e mesmo assim ainda conseguiu causar danos em seu coração, mesmo sem ultrapassar as muralhas, conseguiste desenvolver uma defesa excelente. Tudo que passou antes ajudou a erguer essas paredes... Mesmo que cada decepção fosse apenas um tijolo, esses tijolos juntos formaram uma parede."
E debaixo de seu diario, encontrou entre as pilhas de cartas de amigos que mesmo distantes, e sem ao menos conhecê-los sabia que podia contar com eles. A mesma distância nesse momento impedia um forte candidato a invasão dessas paredes também mantinha ausentes amizades de que poderiam lhe fazer extremamente bem. E dentre essas correspondências, uma em especial lhe chamou a atenção, pois um grande amigo de quem partilhou suas dores. "(...) Sei que se esforçou muito pra construir essas muralhas, Arcanjo. Mas tenho certeza de que por detrás desses muros, existe um belo jardim... esperando apenas pra ser cuidado. E aquele que conseguir transpor essa fortaleza, com certeza vai ser um cara que vai ser muito feliz!"
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Dedicando esse post ao meu amigo Max, que graças a uma única frase, me inspirou a escrever essa postagem.
Sim... eu to me esforçando pra me tornar uma pessoa mais racional, mas que por mais que meu coração esteja nesse momento meio "sombrio" bem no fundo vai permanecer o meu lado bom.
3 de nov. de 2010 0 comentários

Mudanças

Um entediante feriado chuvoso, e o rapaz conhecido por Arcanjo Misterioso finalmente consegue encontrar um pouco de inspiração e do meio da poeira procura novamente seu diário e procura uma forma de que encontre as palavras perfeitas pra expressar seus sentimentos. Fica um pouco apreensivo, pois dificilmente conseguirá transcrever de forma resumida todos os acontecimentos desses ultimos meses, que o levaram a sua atual circunstância.´Decidiu que posteriormente iria encontrar inspiração, e as palavras exatas pra poder se expressar. Que, por hora, focaria em narrar a paisagem atual que sua vida apresentava diante de si.

Na ultima discussão com seu ex namorado, não sabe o que o impediu de não arrebentar a cara do Reinaldo. "Tudo bem Arcanjo, vocês terminaram. Mas isso não dá o direito do Reinaldo usar a sua cama pra passar a noite com outro cara. É muita cara de pau!" Mesmo quase sucumbindo a vontade de partir pra agressão física depois de muitas ofensas naquela manhã de sábado em que teve de passar a noite na sala em um colchão inflável enquando seu ex namorado usufruia da cama box de casal que na época comprara pra dormirem juntos. "TÁ BOM REINALDO EU POSSO SER UM DESLEIXADO, POSSO SER INFLUENCIAVEL, OU ATÉ MESMO FRACO, MAS ESSAS CONDIÇÕES EU POSSO ME ESFORÇAR PRA MUDAR, DIFERENTE DE VOCÊ E DO SEU CARÁTER!" Gritava o Arcanjo na cozinha que logo em seguida reinava o silêncio. Arrastou sua cama box para a sala junto com o colchão e os demais pertences que ainda estavam no quarto. "Definitivamente Arcanjo: a maior burrada da sua vida foi achar que daria certo continuar morando nessa casa depois de terem terminado."

Depois dessa não restava mais nenhum sentimento bom com relação ao Reinaldo. Apenas ressentimento, ódio, ou quem sabe, pena.

Curiosamente os deuses do acaso fizeram com que essa discussão tivesse ocorrido uma semana antes de sair de férias. Aguentou firme essa semana que parecia durar uma eternidade. Essas férias serviriam como um refugio. Um mês pra recuperar as forças, e voltar totalmente revigorado pras batalhas que estavam por vir.

Um mês que passou extremamente rápido, mas foi sem duvida as melhores férias que já tivera em toda sua vida. Aproveitou a companhia de sua familia, curtiu bastante seus verdadeiros amigos, se permitiu desfrutar de uns dias de diversão na capital paulista, e acompanhou ansioso os ultimos momentos de gestação de sua afilhada (e se sentiu se como uma criança, de tão comovido ao carregar aquela pequena princesa). "Seja bem vinda ao mundo dos vivos, pequena! Aqui pode não ser tão gentil e acolhedor como na barriga da sua mãe, mas pode ter certeza de que tem muitas pessoas que vão te amar muito!" - pensou quando sua amiga Lê colocou ela em seus braços.

Mas infelizmente algumas batalhas podem até ser adiadas mas nao podem ser evitadas. Estava na hora de retornar ao tabuleiro do jogo da vida, em que os movimentos das peças não lhe são muito favoráveis. Então, mesmo ainda ferido era hora de recolocar sua armadura e enfrentar os novos desafios.
"Lembre-se Arcanjo, o mundo não para. Mesmo com algumas feridas que ainda não foram cicatrizadas completamente, prepare-se. Esses ultimos capítulos podem não ter sido tão bons contigo, mas sei que é possivel começar um capítulo novo... e capítulos ainda melhores do que qualquer um que já escreveste. E tenho certeza, Arcanjo: cada vez mais você vai se superar na arte de escrever a história de sua vida!"
12 de jul. de 2010 7 comentários

Muralhas

Mais um final de semana que o jovem Arcanjo decidiu retornar pra sua cidade. Aproveitou da carona de um colega de trabalho, rachou a gasolina e foram. Muito melhor do que ir de ônibus... além de ficar mais barato, ainda tinha companhia pra conversar, sem contar que não teria encheção de saco do passageiro desconhecido da poltrona do lado.

Entre um assunto e outro lembrava do que havia acontecido nas ultimas semanas, e que acabou deixando de relatar, talvez por falta de inspiração, ou talvez pela falta de retorno que seu diário tinha antigamente.

Nesses finais de semana depois da conversa com Anderson, percebeu que seu lado humano (e seu lado negro) estavam totalmente aflorados. Cansou de ser bonzinho, e não iria permitir que ferissem ainda mais seu coração, e envolveu-se em uma barreira emocional, tornando-se de certa forma frio e egoista. Iria dançar a mesma musica, e jogaria com as mesmas regras: nada de envolvimento, satisfaça apenas a si mesmo. Marcou um encontro, e conheceu duas pessoas na balada, e com o primeiro bloqueou do msn. O segundo inventou um número de telefone. E com o terceiro, sequer passou seu número.

Chegaram muito mais cedo do que se tivesse ido de ônibus, e até teria tempo pra sair com seus amigos. No entanto decidiu descansar, e ficar ao lado de sua familia. Se divertiram no início da noite na casa do Cássio (que depois de uns tempos sumido, resolveu sair da toca). Beberam até umas onze da noite, e depois seguiram pra um clube em sua cidade, onde haveria um show de uma banda cover do Pink Floid. Enrolaram por um tempo e quando o show começou, o deslocado Arcanjo se perguntava: "O que é que eu to fazendo aqui?!?! Só tá tocando as musicas que eu não conheço... E o pior, as mais depressivas."
Não podia negar, a banda era muito boa, mas se não fosse por estar com seus amigos, que havia tempos que não se reuniam, estaria dormindo.
Perambulando pelo salão do clube, comprou uma dose de vodka pensando que talvez o alcool pudesse tornar o show mais interessante. Ficou impressionado com a quantidade de caras interessantes nesse ano em que deixou sua cidade. "Putz, como melhorou o nivel por aqui heim... Mas de que adianta? Todos heteros..."
Reencontrou com sua galera, e quando a banda começou a tocar "Another Brick in the Wall" começou a pular como um doido junto com a massa. Tomando o máximo de cuidado pra não atingir a Lê (a futura mamãe da galera) finalmente estava começando a curtir o show. Logo em seguida a banda agradeceu a presença de todos e iniciou uma nova musica: "So, so you think you can tell, Heaven from Hell? Blue skyes from pain..."

O Arcanjo pegou seu isqueiro, e acendeu que foi a deixa pra que mais alguns outros isqueiros também fossem acesos. "Sim eu sei a diferença entre o céu e o inferno. Já estive nesses dois lugares..." e em sua cabeça pensava no que aconteceu na quarta feira antes da viagem.
Lembrou do que tinha conversado com Jonas, e ainda não conseguia acreditar que ele pudesse se sentir atraido pelo Arcanjo. E enquanto a tocava a musica, seu desejo era estar ao lado dele. Agitava sei isqueiro e quando a musica chegou no refrão pensava "Como eu queria que você estivesse aqui... É arcanjo, construiste ao redor de seu coração uma fortaleza, no entanto ela não e assim tão intransponivel"
21 de jun. de 2010 2 comentários

Maturidade

Depois de um bom tempo sem inspiração, eis que o Arcanjo novamente decidiu dedicar algum tempo a adicionar algumas linhas ao seu diario. Indeciso sobre o que escrever acabou perdendo o timing dos ultimos acontecimentos, mas sentia que não conseguiria encontrar inspiração pra demonstrar em palavras a intensidade daquilo que estava sentindo. Realmente, Anderson não havia sumido como prometido. No domingo seguinte ao sabado em que seu encontro de luxuria, o jovem Arcanjo decidiu nao fazer o joguinho de esperar a ligação do dia seguinte e decidiu que ligaria praquele rapaz que se aventurou a encontrá-lo altas horas da madrugada. Anderson ainda estava cansado, e iria ligar de volta para confirmar se iriam mesmo ao cinema. O domingo passou-se e nada do retorno da ligação. "Dessa vez nao vou ligar mesmo... queria mesmo só sexo mesmo, então foda-se... pelo menos não precisei pagar o motel."
Na segunda feira depois de um dificil dia de trabalho, naquele ônibus lotado eis que seu telefone toca. "Deve ser a minha mãe. É, vou mesmo pra casa esse final de semana." E no visor piscava o nome Anderson: "Tentei te ligar no domingo, mas acho que tava sem bateria..."
"Desculpa, deve ter sido o sinal... lá em casa é horrivel"
"Sem problemas... já que não deu pra gente ir no cinema, vamos combinar alguma coisa pro sabado"
"Acho ótimo... posso te ligar lá pela meia noite? Sei q vc vai estar na aula, e eu to no ônibus... Lá conversamos mais a vontade"
"Sem problemas... Beijão então gostoso!"

Se falaram novamente durante a semana inteira e no sabado se encontraram novamente (algumas horas mais tarde do que o esperado e decidido durante a semana). Foram a um barzinho que sempre passou em frente, mas q pela primeira vez estava sentado em uma mesa conversando com alguem: Café com Letras. "Arcanjo, lembra que me disse que era concursado e eu te disse que também era?" "Lembro sim." "Bom, acho que agora que estamos nos conhecendo mesmo, de verdade, preciso te dizer uma coisa..." Fez uma pausa estratégica, tirou sua carteira e enquanto procurava por algo que o Arcanjo não sabia o que era, imaginou que tudo que ele teria lhe dito era falso. Tirou um cartão de visitas e lhe entregou: "Então, como a gente ta se conhecendo, queria te dizer que apesar de não trabalharmos exatamente no mesmo local, somos colegas." A surpresa do Arcanjo foi ainda maior, e por uns instantes ficou sem ação... Lindo, charmoso, gostoso, bom de cama, e colega? Deu uma golada generosa em sua cerveja, e pediu uma nova a garçonete.
E conversaram sobre o cotidiano, o dia a dia no trabalho, e como nao poderia deixar de ser: de relacionamentos. "Uma coisa que sempre me frustra muito Arcanjo, é que sempre que tento alguma forma de relacionamento, as vezes mal chega a começar por causa de tempo. Você sabe como é a correria no nosso trampo. E ainda to estudando de noite." "Sei como é Anderson. Foi difícil pra mim com meu primeiro namorado. Mas por outro lado me sinto orgulhoso q mudei a vida do Breno. Já meu segundo namorado... se acha muito maduro, mas é extremamente infantil, e de pensamento muito pequeno. Mas chega de falarmos sobre isso. Acho que nós dois estamos um pouco machucados com isso, não é?" E por baixo da mesa, uma perna encostando carinhosamente na sua "É sim Arcanjo." Conversaram mais algum tempo e o bar ja iria servir a saideira, pois iria fechar. "Será que posso dormir contigo hoje, Anderson?" e o rapaz disse que mesmo cansado poderia sim. "Mas DORMIR viu!" e deu uma risada e um sorriso.
E quem disse que o desejo permitiu que dormissem?
Mais um semana se passou, um novo encontro pra um almoço, dessa vez com uma amiga dele.
Na semana seguinte, desistiu de visitar seus pais pra encontrar com Anderson, e iria pra sua casa no feriado. E no sabado, ligou pra ele pra decidirem onde iriam se encontrar e qual seria o programa praquela noite. "Hoje não to me sentindo muito bem pra sair não, Arcanjo. Acho que precisamos ter uma conversa de adultos." "Por mim eu preferia que conversassemos de uma vez, mas se acha melhor assim... Nos vemos amanhã, ok? Beijão". Sabia exatamente que a conversa de adultos teria apenas dois desfechos: ou uma proposta de namoro sério ou um novo pé na bunda. Desejava que a alternativa escolhida fosse a primeira, mas se fosse essa nao seria necessário esperar o dia seguinte. "Talvez ele deva estar precosando de um tempo pra fazer o pedido, né? Em todo caso melhor me preparar pra alternativa 2. Melhor ir esperando o pior e ser surpreendido do que esperando o melhor e voltar frustrado."
No domingo, meio dia ligou novamente, e nenhuma resposta... Uma da tarde: novamente sem sucesso.
"Conversa de adultos... Muito adulto da parte dele simplesmente me ignorar assim. Sabia que não seria coisa boa!" E engolido num acesso de raiva decidiu que passaria o resto do domingo na companhia de seu Xbox. "Com a raiva que estou deveria jogar algum jogo de tiro, mas hoje eu termino esse Final Fantasy 13".
E como prometeu a si mesmo, terminou esse jogo. E após terminada a batalha com o ultimo chefe, no inicio das animações da final, o alerta do MSN o chama. Sim, era o Anderson.
"Filho da mãe! Agora vai esperar! Só falo contigo depois que aparecer o 'The End'".
E assim foi, assistiu ao final daquela obra prima em forma de jogo, pra então assim poder conversar com ele.
"Pensei que fossemos ter uma conversa de adultos..." respondeu secamente no msn.
"Desculpa Arcanjo, não deu pra falar contigo na parte da tarde. Estava almoçando na casa de uns amigos."
"Tudo bem, não vem ao caso... Acho que tem algo a me dizer, não é? Podemos ir direto ao assunto?"
"Como ja havia lhe dito aquele dia no café com letras, você sabe que tenho um dia muito corrido. Você sabe como é nosso trampo, e a noite ainda tenho de terminar a faculdade."
"Traduzindo: apesar do q ta rolando entre a gente vc nao ta mais afim..." respondeu ainda secamente o Arcanjo.
"O que eu sinto é que vc ta precisando de alguém que eu não sou.... alguem que se dedique a uma relaçao..."
"Anderson como vc foi sincero comigo vou ser sincero contigo agora também: o modo como a gente se conheceu foi extremamente inusitado... pensei q vc tivesse apenas afim de sexo ate q vc ligou naquela segunda feira, e nesse tempo que a gente saiu, me senti bem... E pelo que pude perceber vc tb tava se sentindo bem com a minha companhia... Depois q terminei meu ultimo namoro, resolvi que iria deixar que na minha vida as coisas acontecessem naturalmente e até entendo essa correria de trampo e faculdade... Tentei nao criar expectativas, não te obriguei a nada... nem exigi atenção... só q eu acabei comecando a gostar de estar com vc..."
"Eu preciso resolver muitas coisas na minha cabeça antes de arriscar um relacionamento, com qualquer que seja. A correria apenas me deixa ainda sem mais tempo de me entregar aos sentimentos, que as vezes penso que é melhor nao te-los."
"Quem sabe uma hora as coisas se ajeitem e nossos caminhos ainda se cruzem novamente, Anderson?"
"Acho que voce é muito especial Arcanjo, um cara bacana, e precisa de alguem que esteja realmente disposto a viver tudo isso contigo."
"De qualquer forma Anderson, não vou fazer como a maioria das pessoas fazem... não vou te excluir nem bloquear nem nada. Não quero perder contato contigo."
"Não não... não faça isso! Eu tbem nao quero... Não há motivos Arcanjo!"
"Não mesmo... afinal... a gente tava se conhecendo mesmo... Bom qualquer coisa eu vou estar aqui. Ainda tem meu telefone e pra me localizar no sistema corporativo é facil."

E com um misto de raiva e satisfação, se sentiu orgulhoso pela atitude teve. Imaginava que sua reação fosse compleramente diferente, que fosse xingar, lamentar ou até mesmo engolir o orgulho e pedir pra que não fosse assim. Mas percebendo que nem tudo seria como ele quer, sentiu orgulho da maturidade que percebeu estar adquirindo. Sentiu-se superior, respeitando a vontade dele, deixando o caminho aberto, mas no fundo cutucando os sentimentos daquele rapaz que acabara de dispensá-lo.
No entanto junto com a maturidade, reergueu suas barreiras sentimentais, e percebeu que seu o lado humano despertava, e com seu lado humano, o Arcanjo percebeu que seu lado humano, não era assim tão humano. E que não iria mais permitir que brincassem com seus sentimentos.
19 de mai. de 2010 2 comentários

A arte de se reerguer

E uma nova semana foi passando lentamente na vida do Arcanjo. O tédio já estava começando a consumi-lo... O Domingo que jurava que iria apagar completamente de cansaço passou normalmente... Cansaço apenas o muscular, pois a mente ainda estava a mil devido a quantidade de alcool ingerido na balada... Ressaca, só a moral de ter causado um rombo na sua conta bancária, mas pelo menos se divertiu. "Deve ser esse monte de coca que tomei depois que eu cheguei aqui..." e o sono não vinha nem por decreto, e o pior... Sabia que seu ex uma hora daquelas da tarde estava com o outro... Seu sangue fervia, mas o que ele poderia fazer?

Remoendo os sentimentos, na segunda feira nada de ligação do Jaime. "Sabia que aquele moleque tava só queria sexo... também pudera... ele tava mais bebado que você Arcanjo. Bom não importa..."

E sem novidades a semana foi passando entediante, a unica coisa que o Arcanjo esperava era a hora que começava sua aula de direção... mas os pensamentos de tudo que acontecia, de sua queda, e da aterrissagem forçada, tiravam sua atenção no transito fazendo com que o carro mais uma vez morresse... "Cacete! Desse jeito eu não passo na prova de rua!"

Decidiu no sabado, que iria entrar numa sala de bate papo, e arriscar a sorte de satisfazer os seus desejos carnais com uma dose se sexo casual. Algumas tentativas frustradas, alguns bloqueios no MSN, já estava pensando em desistir e passar mais um sabado em casa sem nada de interessante a fazer, quando do nada um kra puxou conversa... Depois do papo inicial partiram pro MSN, do MSN ligaram as webcams, e nisso rolou um interesse mútuo. Já trocaram telefone, e pelo telefone mesmo ja confirmaram um encontro. Apesar das altas horas, resolveu arriscar, afinal ele viria de carro...

Quando seu celular toca, pra confirmar o caminho, se dirigiu até o semaforo, que foi o tempo exato pra que chegassem juntos ao local marcado. Apesar da iluminação nao colaborar, percebeu que aquele diante de si era ainda mais interessante que pela webcam. Cabelo loiro escuro, quase castanho, uma pele clara, olhos castanhos claros, e uma barba extremamente charmosa o convidaram pra entrar, e o convite foi prontamente atendido. Decidiram que iriam procurar algum barzinho no centro, pra conversarem e depois decidiriam o q fazer.
No primeiro semáforo, ao som de It's my Life do Talk Talk, já rolou o primeiro beijo. Continuaram sentido centro, de maos dadas, separadas apenas quando mudava a marcha do Fiesta preto. Mais alguns beijos trocados nas paradas dos semáforos, cada vez mais próximo ao centro Anderson o perguntou: "Cara, acho que uma hora dessas tá um pouco complicado de conseguirmos encontrar um lugar legal pra gente tomar uma cerveja... Você tá afim mesmo de beber alguma coisa, ou de fazer alguma outra coisa?" Percebendo as segundas intenções, prontamente respondeu o Arcanjo: "Por mim não vejo problema nenhum de pularmos essa parte" "Tipo, tem algum problema pra você se a gente for a um motel?" "De forma alguma... só que como não conheço direito aqui, você decide onde vamos."
Entraram a direita em um cruzamento, e seguiram para seu destino. Chegaram a um local com vários motéis, e ele perguntou: "Bom, tem alguma preferência?" "Você é meu guia... esqueceu?" e entraram num motel chamado Chalet. Pediram uma suite standard, despiram-se, e se entregaram de forma selvagem um ao outro, e deixando com que o prazer os dominasse, e se explorando de todas as posições possiveis. Após o extase do gozo, deitaram-se abraçados, e curtiram o momento do abraço, da presença do outro... "Cara, você foi de mais... de onde vem tanto fogo assim?" perguntou Anderson.
"É o fogo ariano..." Respondeu o Arcanjo.
"Adorei misturar o fogo ariano, com o fogo leonino"
"Isso explica essa explosão... 2 signos de fogo..."
"Espero que já que mudamos a ordem das coisas, as coisas não sigam por outro caminho..."
"As vezes se mudarmos a ordem dos fatores pode ate ser q mude o produto... as vezes pra algo ainda melhor..."

Mais uns afagos, e novamente o clima esquentou, dessa vez fizeram com sentimento, diferente da selvageria do sexo que fizeram anteriormente.
Tomaram um banho, pediram a conta, e o rapaz recusou dividir a despesa com o Arcanjo "Não esquenta a cabeça... Fui eu quem te chamei nao foi?" e em seguida partiram em direção a casa do Arcanjo, novamente de mãos dadas pegaram a estrada. "Cara, curti muito te conhecer... espero que você não suma...." Pode ter certeza que não vou... espero que você também não suma..."
Deram um ultimo beijo e se despediram...
Mal sabia o Arcanjo que realmente aquele rapaz não sumiria, e que se encontrariam novamente... e que ainda teria algumas surpresas...
10 de mai. de 2010 1 comentários

Um novo despertar

Eram 11 horas da manhã de um domingo lindo... E eis que o Arcanjo chega em casa, ainda embriagado.

- "Você sabe quantas horas são? Você não vai pra casa não?" liga seu ex, 2 horas antes.

- "Sei sim... não se preocupa não, eu to bem. Sério... Só to pegando uma grana e ja to indo pra casa" respondeu, de certa forma feliz em saber da preocupação demonstrada.

Devido ao horário, seus companheiros de casa já começaram o interrogatório.

E enquanto contava como foi a balada, podiam perceber um certo sorriso e um brilho nos olhos enquanto o Arcanjo relembrava os fatos da noite anterior.

Depois de um dia conturbado, apesar de ter saido, ido a uma reunião de familia de um de seus colegas de casa, pensando em tudo que estava acontecendo, decidiu que não iria pra casa, passar mais um sabado pensando em seu ex, nem que o cara que teria todas as condições de esquecer seu passado estava agora com outro. "Acho que estou precisando de um tempo pra mim mesmo. Vou sair um pouco, e eu vou sozinho. Não vou passar mais um sabado colocando ainda mais minhoca na minha cabeça."
E saiu, pegou o primeiro ônibus que passou, e nem mesmo o moleque birrento do banco do lado iria deixa-lo irritado. Desceu no centro, e como parecia que havia perdido o último ônibus, chamou um taxi, que ficou ainda mais barato que havia imaginado que seria.

Dessa vez, não tão cheia como na primeira vez em que outrora estivera, mas ainda assim tinha muita gente bonita. Só pra começar bem, chegou pedindo uma tequila, e dando uma cantada no barman, que como já esperava, não tinha dado em nada.

Mais algumas voltas, mais algumas cervejas, foi pro espaço destinado aos fumantes. Uma moça que estava lá tirou uma latinha de cigarros muito bonita, e a simples curiosidade de saber onde ela havia comprado foi a deixa pra conhecer as duas amigas, e elas o chamarem pra ficar com elas. Eram hetero, mesma idade do Arcanjo e no dia anterior havia sido aniversário de uma delas, e ao sairem do "curral" (como chamaram a area dos fumantes) Rosa chamou pra uma rodada de tequila pelo seu aniversário. "Arriba, Abarro, Ao centro, Adentro!" E viraram seus copos. Mary a outra menina assim como o Arcanjo havia terminado com o namorado recentemente, disse que tava doida de vontade de passar a mão em um dos gogoboys. "E pq não passa? Vamo lá que eu também vou tirar uma casquinha!"
Mais uma vez o Arcanjo resolveu partir pro ataque: Um cara um pouco mais maduro, descamisado, com um corpo muito bem definido, um rosto realmente bonito, e muito bem conservado pra idade que imaginava que pudesse ter. E mais uma vez, não foi muito bem sucedido. "Pelo menos a musica aqui tá ótima!" E voltou pra pista, tornando-se um com a batida da música eletrônica. Quase no final da balada, ao voltar do balcão, não encontrou mais nem a Rosa nem a Mari. Deu mais uma volta, e não conseguiu mais encontra-las. Voltou ao curral, nada das duas, mas do lado de fora um jovem o chamou a atenção: loiro, pele clara, olhos verdes, com a mesma altura q a sua, uma camisa branca lisa que marcava o contorno de um belo exemplar de tanquinho. Se aproximou, e pediu um cigarro. Pegou um pra si mesmo e outro pro rapaz, trouxe seu isqueiro, e depois que acenderam seus cigarros, o rapaz aproximou seu rosto com o do Arcanjo por cima da cerca, e disse em seu ouvido: "Car a, você é lindo!" Sem ao menos conseguir tempo pra responder, o Arcanjo sentiu o sabor dos lábios de sua nova companhia. "Cara, essa grade ja ta enchendo o saco... guenta mão 5 minutos que eu ja vou sair." "Beleza, to aqui te esperando então". Saiu, foi até o caixa, e mais surpreso do que o valor da sua comanda, seu dinheiro nao estava na carteira... Mas enfim... pelo menos foi só o dinheiro... todo o resto estava no mesmo lugar. Preocupações com o dinheiro agora nada significavam, era só passar em um caixa eletronico depois.
Encontrou com aquela escultura de mármore sentada na beira da calçada, e sentou-se. Falava sobre poesia, e o chamou pra seu carro, ligando um cd da Maria Bethânia "Isso é poesia" e seguiram em direção a lagoa da Pampulha. Encostaram o carro em um lugar mais tranquilo e deram continuidade ao que haviam começado em frente a boate. "Tira esse óculos... vc fica bem mais bonito sem eles." Disse o rapaz ao arcanjo, mais uma vez encostando seus lábios nos dele, desta vez com uma pitada maior de luxúria, se entregaram aos pecados da carne. Desceram com o carro até a lagoa propriamente dita, tomaram uma água de coco e se sentaram embaixo de uma árvore,acenderam mais um cigarro e conversaram sobre amenidades enquanto observavam o lindo dia que fazia.
Mais alguns minutos de conversa, e o rapaz o deixou próximo ao seu trabalho. Enquanto aguardava na fila do caixa eletrônico, seu celular toca, e o numero que chamava era de seu ex namorado. E isso o trouxe novamente a cozinha da casa, onde terminava de comer um pedaço de pão e um copo de coca cola terminando de contar o ocorrido.
E pensava enquanto dava sua última golada: "Arcanjo, ainda não sei quantos ossos você quebrou, quais as cicatrizes vão deixar marcas, nem se existem sequelas da sua queda, mas uma coisa eu tenho certeza: SIM, EU AINDA ESTOU VIVO!"
25 de abr. de 2010 3 comentários

Insônia



E o sol nasce... Mais uma noite em claro.
Nas poucas horas de sono que restam, sonhos bons acabam sendo interrompidos pelo acordar do pesadelo que a vida real.
"Somos todos anjos de uma asa só. Voamos apenas quando abraçamos uns aos outros." E no meio do voo, o pobre arcanjo agora cai em queda livre. Dominado pelos piores sentimentos que existem, pensa apenas na instante em que seu corpo finalmente atingirá o solo, desfalecendo sem vida. E na queda, entre o azul do céu noturno as lembranças dos ultimos oito meses passam em sua mente. Lembranças de momentos que não serão mais revividos, e raiva de si próprio. Por sua fraqueza, lembra-se que afinal de contas está aprisionado na sua humana forma carnal. De que adiantam os acertos, se não tem como consertar os erros que ja foram?
Deseja do fundo de sua alma, despertar seu lado sombrio. Arrancar seu coração, e deixar que a mente domine a matéria. Tornar-se uma máquina.
Como seria tão mais facil se fosse apenas como um desligar de uma tomada?
Alcançou o mais alto dos céus nesse ultimo voo... Sobreviveu aos voos anteriores, mas nenhum te levou tão próximo das estrelas. Nem próximo o suficiente para dançar em solo lunar. Realmente quanto maior o voo, maior a queda...
O tempo, Arcanjo, mais uma vez volta a ser seu inimigo... Torna a queda lenta, e dolorosa.
Cura as feridas? Pode até curar, mas deixará cicatrizes.
Apesar de ansiar pelo impacto, e pelo abraço fatal da mãe terra, uma minúscula faisca de esperança ainda insiste em lutar... usar a unica asa que possui pra planar. Pousar novamente em segurança em chão firme.
E essa fagulha de esperança o traz novamente ao mundo terreno. Abre os olhos novamente e se encontra encolhido com um travesseiro entre os braços. Lágrimas já não lhe escorrem mais os olhos, apesar do imenso aperto no peito, deita-se e tenta mais uma vez dormir.
Amanhã é um novo dia, Arcanjo... Quem sabe nesse novo dia voltará a dormir novamente, e em paz?
 
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